Mulheres Fazendo História na Cidade de Suzano (2021)

Suzano é uma cidade repleta de pessoas que fazem a diferença. A empatia e a solidariedade estão no DNA deste povo que, mesmo diante de obstáculos, dá a volta por cima e estende a mão ao próximo. Pensando nas mulheres desta cidade, não são poucos os exemplos de suzanenses batalhadoras que movem barreiras para garantir mais acolhimento, desenvolvimento e empoderamento.

Nesta edição, o projeto “Mulheres Fazendo História” resgata a trajetória emocionante de oito mulheres que se dedicam a transformar a comunidade por meio da inclusão social e da garantia de direitos. Os nomes, indicados pela própria população suzanense, foram escolhidos para receber uma singela homenagem, que tem o objetivo de reforçar a importância do protagonismo feminino.

Nesta edição, a Prefeitura de Suzano, por meio do Serviço de Ação Social e Projetos Especiais (Saspe), relembra a luta das mulheres por trás do Grupo Apoio Autista (GAA Suzano), da ONG Esperança e Destino, da prática oriental Lian Gong, da Associação de Apoio para Deficientes Visuais de Suzano (AADEVIS) e da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), além de destacar as histórias da empreendedora Michele Oliveira e das voluntárias Shirley Rodrigues e Luciana Souza dos Santos Cavalcante.

Sueleide Pereira Serafim Cirino de Oliveira (Direito)
Desde o nascimento de seu segundo filho, Caio, hoje com 16 anos, a advogada Sueleide se mobiliza pelo cuidado com a saúde dele. A família se mudou para Suzano em 2008 em busca de mais suporte para o menino, que em 2010 foi diagnosticado com o Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD), uma das variantes do Transtorno do Espectro Autista. No município, em contato com outras mães, a advogada formou o grupo CIDAUTIS. Baseada em sua própria experiência e no relato dessas famílias, Sueleide ampliou o movimento por meio do Grupo Apoio Autista (GAA Suzano), oferecendo amparo ao núcleo familiar dessas crianças. Atualmente, cerca de 40 famílias contam com o apoio do movimento.

A advogada também contribuiu com a elaboração da lei municipal nº 5.133/2018, de autoria do vereador Antônio Rafael Morgado e aprovada por unanimidade pela Câmara Municipal. O dispositivo garante a obrigatoriedade dos estabelecimentos públicos e privados de Suzano a darem atendimento preferencial a autistas. Outros projetos desenvolvidos pela advogada são o ciclo de palestras voltado a professores, alunos e gestores de escolas públicas sobre a lei federal nº 12.764/2012, que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, e eventos que reforçam a importância da visibilidade da causa, incentivando a inclusão e a interação social deste grupo.

Graziella Porfírio (Inclusão Social)
Nascida em Suzano, a pedagoga e gestora social cresceu no Jardim Natal, passando parte da infância com as crianças do bairro vizinho, Jardim Maitê. A realidade observada fomentou no coração de Graziella a vontade de fazer mais pela juventude suzanense. Assim, há quatro anos, surgiu a organização não governamental (ONG) Esperança e Destino, voltada à inclusão social de crianças e adolescentes. Por meio de oficinas de arte, dança, teatro, música e circo, a iniciativa garante mais oportunidade e conhecimento a 140 jovens, de 7 a 15 anos, do Jardim Maitê e de bairros adjacentes, como o Jardim Colorado e o Jardim Novo Colorado.

A ação, que recebe dedicação integral da gestora, conta com o apoio de comerciantes e outros parceiros. Aos poucos, o trabalho ganha espaço com atividades que beneficiam toda a comunidade, como o “Hope Day” (Dia da Esperança) e a campanha contra a fome, que em 2020 arrecadou cinco toneladas de alimentos para 678 famílias suzanenses durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Além do destaque no “Mulheres Fazendo História na Cidade Suzano”, a ONG também passou no edital da aceleradora social Glocal, em 2019, e em 2021 ainda foi selecionada para a capacitação de empreendedorismo social promovida pela organização Gerando Falcões.

Sônia Matsumura Kudeken (Bem-estar)
Prevenção e promoção do bem-estar, por meio do equilíbrio entre corpo e mente, são as premissas do Lian Gong – uma ginástica terapêutica oriental que atravessa gerações. Em Suzano, a prática corporal foi implantada há 24 anos e, desde então, segue mudando a qualidade de vida de centenas de pessoas. O pioneirismo se dá graças à dedicação de coordenadoras e monitoras como Sônia Matsumura Kudeken, que é uma das principais responsáveis pela ampliação da prática no município, beneficiando pessoas de todas as
idades, principalmente mulheres na idade madura.

Sônia conheceu o Lian Gong em 1997, observando as aulas ministradas pelo médico sanitarista e acupunturista Antônio Caldeira, no Complexo Poliesportivo Paulo Portela. Logo, passou a integrar o grupo, obtendo destaque e sendo convidada para se tornar monitora da atividade. A partir de então, participou de diferentes capacitações e articulou a implantação de novos pontos de prática, inclusive, expandindo a ação a 35 escolas suzanenses e beneficiando 6,9 mil alunos das redes municipal e estadual de ensino.

Atualmente, a iniciativa é coordenada pela Associação Cultural Chinesa de Suzano, contando com cinco coordenadoras de área e 40 monitores em 32 pontos de prática, com cerca de 1,3 mil participantes, sendo a maioria idosa. O projeto tem impactado a vida de centenas de mulheres, que encontram na prática a oportunidade de se integrar a um grupo que visa garantir mais saúde, bem-estar e autocuidado.

Cleomarcia de Oliveira Silva Barboza (Comunidade)
Em 2006, aos 30 anos de idade, Cleo teve sua vida transformada pelo diagnóstico de leucemia. Durante a internação, após passar pelo transplante de medula óssea, a paciente foi acometida por um fungo que se instalou no nervo óptico, levando-a à cegueira. Tal situação fez com que tivesse que reaprender a viver, enfrentando todos os desafios impostos às pessoas com deficiência e lutando por uma sociedade mais inclusiva. Diante das dificuldades de acesso a serviços públicos e tantas outras situações, Cleo decidiu se engajar em um grupo de apoio a deficientes visuais.

Frequentando o espaço como aluna, logo passou a atuar pela entidade. Assim, em 2008, assumiu a gestão da Associação de Apoio para Deficientes Visuais de Suzano (AADEVIS) e buscou ampliar a atuação em outra frentes de trabalho. Por meio de parcerias, envolvendo a comunidade, voluntários e o Poder Público, a iniciativa conseguiu atender a outros grupos em situação de vulnerabilidade em diferentes pontos do município, com ações voltadas ao acolhimento e à convivência de idosos e crianças, por exemplo.

Atualmente, a AADEVIS atende a 1.050 usuários em projetos como o “Mabel”, direcionado aos deficientes visuais; “Viver Bem”, voltado aos idosos; e “Aquarela”, para crianças. Hoje, a transformação social é o que move Cleo a fazer a diferença na vida das pessoas, amparando aquelas que mais precisam de apoio na cidade.

Michele Oliveira (Empreendedorismo)
A arte de empreender sempre esteve presente na vida de Michele. Ainda criança, na Vila Maria de Maggi, a jovem se lembra das mulheres de sua família empreendendo, como “sacoleiras” no comércio ambulante. Hoje, aos 29 anos, a suzanense faz sucesso na Internet como empreendedora digital, compartilhando conteúdo e oferecendo direcionamento e aprendizado a uma comunidade virtual de 20 mil usuários brasileiros, impactados de maneira direta e indireta. A estrategista em negócios e especialista em MEI (microempreendedor individual), iniciou sua carreira como Jovem Aprendiz na área administrativa de uma empresa de call center.

Na oportunidade, decidiu focar os estudos na área de gestão de negócios, conquistando MBA em Marketing e Vendas. Em 2017, deixou a carteira de trabalho para apostar no seu sonho de ajudar pessoas por meio do empreendedorismo. Para Michele, nada é impossível, desde que haja planejamento, prazos e metas – lições que leva para a vida, inspirando cada vez mais pessoas a alcançarem seus objetivos. Em Suzano, a empreendedora digital conta com um espaço de coworking, mobilizando parceiros e incentivando a construção de uma rede sólida de fomento a pequenos negócios.

Shirley Rodrigues (Voluntariado)
O Fundo Social de Solidariedade é um dos órgãos públicos de Suzano de maior impacto na vida de centenas de famílias cadastradas. Mas nada disso seria possível sem a dedicação de servidores e voluntários parceiros da ação. A suzanense Shirley Rodrigues é uma dessas pessoas que, fazendo o bem ao próximo, enxerga a oportunidade de trazer mais sentido à vida em comunidade. Em 2002, Shirley ficou viúva. Com quatro filhos, passou a se dedicar ao lar e à comunidade no que fosse preciso, sendo amiga e parceira da vizinhança no Jardim Casa Branca.

Anos depois, em 2017, foi convidada a participar de uma ação voluntária do Fundo Social, onde até hoje permanece prestando apoio. Neste período, esteve voluntariamente engajada com diversos trabalhos desempenhados no município, como a Campanha do Agasalho; a Páscoa e o Natal Solidário; o curso de Promotoras Legais Populares (PLPs); o Casamento Comunitário; a Gincana da Melhor Idade; os Jogos Regionais do Idoso (Jori); e o concurso de Miss e Mister Melhor Idade.

Para Shirley, a satisfação pessoal de trabalhar pelas pessoas é o que move sua atuação, sendo que o amparo às vítimas da violência doméstica e o empoderamento feminino são duas de suas principais bandeiras, sobretudo depois de adquirir conhecimento e instrução por meio da capacitação de Promotoras Legais Populares.

Claudinéia da Silva Machado (Educação)
Há três anos à frente da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Suzano, Clau Machado se sente realizada em trabalhar com a Educação Especial – um desejo que carrega consigo desde muito nova, mas que só foi alcançado décadas depois, com muita coragem e determinação. A falta de oportunidade na juventude fez com que abandonasse os estudos para ajudar a família em casa. Anos depois, já casada e com os filhos formados, sentiu no peito a vontade de resgatar o sonho.

Assim, decidiu procurar a Apae para prestar um trabalho voluntário, que logo evoluiu para uma vaga como inspetora de alunos. Por seis meses se dedicou ao cargo, sendo chamada para trabalhar na secretaria da unidade. Neste período, cuidou da parte documental dos alunos e tratou do atendimento às famílias. Também voltou a estudar, cursando Pedagogia e seguindo para sua primeira pós graduação. Logo, foi promovida à coordenação de projetos, sendo responsável por diversas ações, eventos e parcerias em prol da associação, que garante atendimento sociopedagógico a 136 alunos, além do acompanhamento multidisciplinar em saúde para 180 pessoas com deficiência.

Em 2018, surgiu o convite para assumir a direção da entidade, fruto de sua dedicação e persistência no trabalho executado com muito preparo e conhecimento. Hoje, com três pós-graduações no currículo, Clau acredita que o amor pela profissão e pelos alunos é o que faz a luta valer a pena, mesmo diante dos obstáculos e desafios impostos pela missão abraçada.

Luciana Souza dos Santos Cavalcante (Destaque)
Os desafios enfrentados por Luciana não foram poucos nesta vida. Conhecida como Tia Lu, a voluntária não mede esforços para auxiliar o próximo. Há nove anos em Suzano, cidade que escolheu para escrever uma nova história, sua missão hoje é se doar a quem mais precisa, mobilizando uma rede de apoio às famílias em situação de vulnerabilidade. Seu maior objetivo é simplesmente ajudar, assim como já foi ajudada um dia. Saindo de uma vida simples em Cubatão (SP), foi para Salvador (BA) em busca de uma vida melhor ao lado da família do esposo.

No entanto, o desemprego persistiu e as dificuldades se intensificaram. Assim, Tia Lu decidiu fabricar pães e doces para ajudar no sustento dos três filhos. Em 2012, por sugestão de uma amiga, Luciana decidiu se mudar para Suzano, iniciando uma nova etapa em sua vida. No município suzanense, as oportunidades vieram e as melhores condições de vida trouxeram a Luciana o desejo de fazer ainda mais pelos indivíduos em situação de vulnerabilidade.

Entre suas ações, mobilizando amigos e vizinhos do Miguel Badra, se dedicou a fornecer sopa às pessoas em situação de rua. Lu também se empenha em arrecadar roupas e alimentos, ajudando pelo menos dez famílias por mês com cestas básicas e abrindo espaço para um bazar solidário em sua casa. Outra atividade semanal desempenhada pela voluntária é a visita a hospitais, exercendo a capelania para levar mais conforto aos pacientes e a seus familiares. Na Santa Casa de Misericórdia, ainda auxilia mães carentes, oferecendo kit maternidade completo a elas. As roupinhas de bebê e os demais materiais do conjunto são provenientes de doações. Pelo menos 70 mulheres já foram beneficiadas pela ação.

Em 2020, sensibilizada pelo desemprego vivenciado por dezenas de famílias devido à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), Tia Lu também contou com sua rede de apoio para arrecadar mais de 80 cestas básicas, além de reforçar a doação de pães fabricados por ela própria. Tida como exemplo de incentivo para muitas pessoas da comunidade, Luciana segue com muito amor na sua missão de ajuda ao próximo, sem olhar a quem. Suas nobres atitudes são motivo de orgulho para Suzano, pela construção de uma cidade cada vez mais solidária e acolhedora.